Considerações Sobre as Mãos


As mãos falam abertamente.
Conversam.

A conversa de duas mãos me fascina.

São mais claras que as palavras,
pois são indesligáveis das intenções.

Todo corpo começa pela mão.
Todo desenho também começa, mas quando desenhamos um corpo,
raro é começarmos pela mão.

As mãos, sempre nuas – elas nunca estão despidas – versam juntas enquanto dançam.
(sou beato em danças manuais).

As mãos exprimem;
e quando quer o ser, são elas que espremem.

Das mãos
nascem os poemas
(e os dilemas são experimentados primeiro por elas).

Elas executam as perversidades dos homens
– as mãos gelam em primeiro no frio –

As mãos também compõem os dedos e todos os seus movimentos
– um apego sempre é composto primordialmente dos toques a mais que damos às
coisas –
   
Segurar uma coisa há de ser diferente de segurar outra mão.