Filhos da Poeira

N bilhões de galáxias
partículas invisíveis
perguntas sem resposta
e um enxame a seguir o roteiro da rotina
distraídos os fluxos sanguíneos
prontos para a produção de um mel azedo

N bilhões de galáxias
e de prepotentes deuses terrestres
mortais em tudo que pensam
filhos da poeira: assim menores que ela
que lástima são os homens...
eternos datilógrafos
levam jornais que levam sempre notícias de ontem
sempre o rosto cosmético
às vezes a violência
de um riso sincero

N bilhões de galáxias
e de planetas, e de mortes e de nascenças
e o sentido da vida, para quê?
bilhões de galáxias, mas ainda que fosse uma:
por que existe o algo ao invés do nada não me importa
me basta a dor deste poema