Vestibular


Ai que vontade de fazer poesia...
Mas vida de vestibulando poeta
é vida de muita agonia.

Só posso preocupar com a métrica
se é do movimento uniforme.
A que diabo isto me avalia,
a não ser que um físico me torne?

Onde está o espaço da estética?
E onde está o valor ao que se cria?
Minhas potências, transformam em gesso
Às vezes quando aprendo, emburreço.

Não sirvo se acertei menos respostas?
E com as perguntas que trago, o que faço?
Pois corpo que não questiona é aço.
Vida que não se abre, desgosta.

O movimento que não se pode deixar
É só o retilíneo inconstante dos corpos.
Também pudera nos privar de amar
E estaríamos nós todos tortos.

Mais massante que a massa molecular
é o problema da educação no país.
E o que tem o acordo ortográfico implantar
quando o acordo maior é o povo infeliz?

Estou mais privado que o meu país
E aí a poesia fica bem pequena.
Ai que vontade de fazer poesia...
Mas vou ter que me contentar com o poema.